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Resenha: Um estudo em Charlotte, um livro sobre a importância dos sentimentos e emoções.

  • Foto do escritor: Fernanda Cidade Gonçalves
    Fernanda Cidade Gonçalves
  • 6 de jul. de 2020
  • 5 min de leitura

Mais uma resenha para o blog! Hoje trago para vocês o primeiro livro da coleção Pegadas Misteriosas, que nos traz uma visão dos dias atuais do que poderia ser, ou do que é, Holmes e Watson. O livro, Um estudo em Charlotte é da autora Brittany Cavallaro.


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O livro inteiro é narrado pela visão de James Watson, descendente do Dr. Watson, que é tão romancista quanto seu ancestral e logo caí nas graças de Charlotte Holmes sem que ela tenha de fazer quaisquer esforços para tal.

Após ganhar uma bolsa de rúgbi em um internato em Connecticut, James acaba descobrindo que sua paixonite de infância qual ele nunca antes teve contato, Charlotte, estava estudando lá também. Além de Holmes, Jamie fica há apenas uma hora da casa do pai qual ele nunca teve contato depois do divórcio, e como já era de se esperar, isso causa grandes confusões internas nele. 

Sherringford logo é abalada pela morte de um de seus alunos prodígios de rúgbi e é aí que a história de Holmes e Watson começa, já que os dois se juntam para solucionar o caso que aponta todos os pontos de incriminação para eles.


Eu pensei que seria uma leitura leve e bobinha, mas acabei muito enganada. Sou uma grande fã de Sherlock Holmes e não posso negar que fui com um olhar muito crítico para a história, que acabou me surpreendendo demais. 

A narrativa é leve, porém, o livro trata de grandes assuntos considerados pesados, que são tratados com delicadeza e sutileza pela autora. Assuntos como obsessão e dependência no relacionamento amoroso, drogas e estupro são tratos aqui nesse livro, entretanto, em nenhum momento é tratado de forma tão explícita e nem agressiva. 

Vemos personagens complexos e muito bem construídos, em apenas doze capítulos! A narrativa se fecha muito bem no final, tudo se interliga e faz sentido quando se chega aos últimos capítulos.

Não é uma história tão “Sherlock”, porém se parece muito, sem dúvidas disso! O diferencial, além dos personagens, é a narrativa muito mais leve e até mesmo divertida de Brittany. 




  • Os personagens:

James, ou Jamie, Watson é o verdadeiro emocionado. Ele é um romancista como John Watson. Desde o começo do livro vemos que ele é apaixonado por Charlotte desde a infância, sem nunca mesmo ter conhecido ela, e sua mãe, sempre foi contra tudo isso. Contra os Holmes. E é compreensível, conforme vamos conhecendo mais um pouco de cada personagem e da trama em si.


“Ela era, no conjunto, pálida e séria, e ainda conseguia ser bonita. Não da forma que as garotas normalmente são, mas como uma faca refletindo a luz, que faz você querer segurá-la.”

James é um tanto explosivo, com um carisma incrível, corajoso, inteligente e, sem dúvida, bem humorado mesmo em situações de puro caos. Ele adora toda a aventura, mas isso em nenhum momento tira o medo e as preocupações dele, mesmo com toda sua coragem e descaso com sua segurança, deixando o personagem muito mais real. Mostrar que ele sente medo e se preocupa, mesmo tentando ver o lado bom, é a forma perfeita de nos apresentar para o mundinho dele e mostrar ele de forma verdadeira na própria narrativa.

Suas inseguranças são compreensíveis, e sua paixonite se desenvolve até um amor quase casto, já que em todas as descrições de Charlotte, Watson faz questão de endeusa-la. É quase um amor impossível. 


“Meu lugar é aqui com ela, pensei, se é possível alguém ter um lugar, este é o meu.”

Durante a trama, Watson se demonstra ser inteligente, compreensivo e sincero demais para certas situações impostas, contudo, funciona muito bem sua harmonia com Holmes.

Charlotte Holmes é assertiva, sangue frio e calculista. Falando assim, parece que estou descrevendo uma serial killer, mas é só uma Holmes. 


“— Você tem tipo dois segundos e meio antes que a brutalidade policial comece.
Ela me lançou um olhar selvagem.
— Eu só precisava de um.”

Mesmo que no começo acreditemos que ela seja essa grande guerreira com armadura de aço impermeável, Watson consegue “quebrar” ela com sua sutileza e jeitinho bobo. No começo percebemos que todos os problemas de Holmes são descritos de formas implícitas e aprendemos sobre ela juntamente com Jamie.


Conforme ele aprende mais sobre ela, nós aprendemos também. 


Holmes passa por várias situações horríveis antes de conhecer Watson, quem ela logo atribui como melhor amigo lá pelo meio da história. E com certa dificuldade e joguinhos ela vai revelando todos esses momentos para nós e para Jamie, até o momento que ela fale tudo com todas as palavras, já entendemos a situação. Porém, vale ressaltar, que ela aprendendo a falar de seus problemas e sentimentos, não torna James Watson um grande salvador da pátria, muitos de seus demônios Holmes enfrentou sozinha e os superou. Alguns, claro com a ajuda do Watson, mas não o faz um salvador de mocinhas. 


“— Não preciso de alguém para lutar por mim. Eu posso lutar por mim mesma.”

Charlotte é espirituosa, mesmo que demonstre isso somente para Watson, e possui uma personalidade 3D, com várias formas, lados e jeitos. Assim como Jamie. E não é por isso que se dão bem, mas porque entendem as esquisitices um do outro.

Com o tempo, Holmes se torna uma personagem mais aberta e amorosa, porém não muito – afinal, ela ainda é uma Holmes, e nos mostra que falar sobre nossas emoções e sentimentos é importante para não afundarmos nelas.


“— Jamie Watson — Disse a Holmes, calmamente. — é muito mais inteligente do que você acha. Ele não é meu cúmplice. Ele não é cúmplice de ninguém. E ele não é culpado de nada.”


Como um todo, a amizade, a química e desenvoltura dos nossos dois principais é contagiante, envolvente e não deixa a deseja em nenhum momento. É a mistura perfeita de um romance com o que meio que é Holmes e Watson original.


“Veríamos o quanto a cidade mudara e crescera na nossa ausência, como as cidades fazem. Nós teríamos que conhecer de novo como a nossa Londres.”


Durante todo esse desenvolvimento dos dois principais temos secundários muito bem escritos que deveriam ser aprofundados, como os pais de Watson e Holmes, a família do pai de Watson, o detetive Shepard, Lena e Tom. Espero ver mais deles nos próximos livros.

  • A trama: 


Ela parece simples, mas conforme se vai avançando, se percebe que tudo se liga a Holmes, e ao seu passado e como tudo meio que parece um ataque pessoal até ela. Um estudo em Charlotte faz analogia a Um estudo em vermelho em vários momentos. Como tudo parece uma grande história de vingança e o grande alvo é Holmes.


O romance é coadjuvante, o que na minha visão torna tudo mais interessante, ver como duas mentes brilhantes de seus jeitos diferentes acabam meio que “se apaixonando” mostra que nem tudo é tão convencional assim.


O livro possui uma continuação, por isso, não posso afirmar nada sobre o romance –ainda. Pretendo ler todos os livros publicados, para no final decidir se realmente há um “apaixonaram-se” no meio.


O livro é muito bom, fui com grandes expectativas e fui atendida. Mesmo que em alguns momentos a narrativa se arraste, ainda é muito bom e mostra todo o talento necessário para se escrever um livro de romance policial, já que tudo é envolto em suspense, mistério e reviravoltas, e claro, a trama precisa ser fechada de forma que não deixe a desejar. 

Mesmo que exista outros três livros – quatro contanto esse, percebi que a autora deixa sim, um que de querendo mais, todavia, Um estudo em Charlotte poderia muito bem ser lido como um livro único já que no final, tudo faz sentido e a trama é bem amarradinha. 


“Talvez Charlotte Holmes ainda estivesse aprendendo a destrinchar um caso; talvez eu ainda estivesse aprendendo a escrever. Não éramos Sherlock Holmes e John Watson. E eu achava que não me incomodava com isso. Tínhamos coisas que eles não tinham, também. Como eletricidade e geladeiras. E Mario Kart.”


Xoxo,

Fê.

 
 
 

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