Resenha: Sol em Júpiter, um livro sobre amores e superação própria.
- Fernanda Cidade Gonçalves
- 7 de ago. de 2020
- 4 min de leitura
CONTÉM SPOILERS!
Hoje vamos falar de mais um nacional aqui no blog. Trago para vocês Sol em Júpiter, de Lola Salgado. Disponível no Kindle Unlimeted.

Em Sol em Júpiter, conhecemos a história da youtuber Sol Leão, que aparentemente tem tudo que alguém pode almejar ter, e um belo dia desastroso de sua vida, ela conhece Júpiter, em uma situação extremamente constrangedora e, a partir daí, Sol começa a ver a vida de um outro ângulo.
“— A gente precisa aproveitar as coisas pequenas. Elas são valiosas. A vida não tem que ser sempre dura.”
Logo no começo do livro podemos perceber que Sol possui muitas inseguranças e incertezas da vida dela, e não sabe exatamente lidar com elas, e com seu canal no Youtube bombando seus seis milhões de inscritos, ela sente a necessidade de formar a própria vida de uma forma que seus inscritos não saibam o quão humana ela é. E isso acaba sendo prejudicial para ela mais para frente na trama.
Sol está para se casar com André, o homem que, segundo ela própria, é loucamente apaixonada e é o cara perfeito para ela.
O livro nos conta as situações por boa parte pela visão de Sol, até que depois de alguns capítulos dela conhecendo Júpiter, temos seu ponto de vista e podemos ver como os dois personagens, mesmo sendo tão diferentes, de alguma forma, se encaixam.
No começo temos uma amizade muito bonita dos dois, porém, em nenhum momento Lola Salgado, deixa de frisar que tanto Sol – que está noiva, e Júpiter se sentem atraídos um pelo outro e, em alguns momentos deixa explicito que, não é só isso.
“Então, para não me tornar uma pessoa cheia de rancor, eu tentava desviar o foco das coisas ruins – sempre tão grandiosas — para as boas, ainda que fossem pequeninas. Porque, no fim das contas, eram elas que importavam. Um sorriso, um pôr do sol, uma noite estrelada, um mergulho no mar, um abraço...”
O livro nos mostra como Sol aprende com Júpiter as coisas pequenas e boas da vida, e como aproveitar elas podem ser muito mais agradáveis do que ter uma vida falsa, qual somente na internet se pode fazer. Ela aprende, com o tempo a ser ela mesma, enquanto se apaixonada gradativamente por Júpiter.
É um livro leve, mesmo que fale de assuntos pesados, como as superações pessoais de Sol com o bullying e as superações de Júpiter em relação a memória de seu pai.
Ao decorrer do livro coisas grandiosas começam a acontecer na vida dos nossos dois protagonistas, até o grande momento que Sol surta – e com motivo. Ela percebe que ela e Júpiter podem ser um encontro raro de almas.
“Nunca esqueça o que você é. O resto do mundo nunca se esquecerá. Use como uma armadura e isso nunca poderá ser usado para machucar você.”
Além de vermos como os traumas podem afetar para sempre a vida de alguém, e vermos como o amor é algo inesperado – aquele verdadeiro de conto de fadas, vemos como uma amizade verdadeira é importante e como laços familiares podem ser algo inquebrável.
Vemos atrás de Sol que ela escolheu sua irmã, já que a mesma é Cla, sua melhor amiga desde quando tinha seis anos. Elas são inseparáveis. Elas escolheram ser a família uma da outra e funcionam em perfeita harmonia com isso. Já pelo lado de Júpiter, vemos com uma família pode acabar ficando mais unida após algum acontecimento marcante, e que talvez, sua família possam ser seus melhores amigos.
Mostra-nos, como a vida das pessoas são relativas e, até mesmo, efêmeras. Nossas escolhas, mostram quem somos nós e forma nosso destino e caminho.
“Sabe quando dizem que toda panela tem sua tampa? Eu sentia como se eu fosse uma panela de pressão e o André, uma tampa comum, que servia mais ou menos para o propósito, mas jamais seria como a tampa com válvula. Jamais seria como Júpiter. Porque, por Deus, ele tinha o tamanho perfeito para mim.”
Para mim, que fui criada como uma romântica incurável – tudo graças ao meu pai, gosto de pensar que Sol e Júpiter representam o que minha mãe chama de “as almas certas sempre se encontram”. E também, acho que podemos aplicar isso para a linda amizade de Sol e Cla, que sempre se entendem tão bem, mesmo longe uma da outra e vivendo momentos diferentes em suas respectivas vidas.
É uma linda história de amor, superação pessoal e amizade. Fala muito de destino, mesmo que entre as entrelinhas e podemos perceber que, todas as decisões dos principais os levaram ao ponto que chegaram no final do livro.
O final é em aberto, e eu como uma pessoa que não gosta de finais em aberto, me surpreendi com o fato de eu ter gostado desse. Mesmo ele não sendo um final concreto, ele se amarra em todas as pontas e não deixa a desejar, na verdade, nos faz imaginar o que pode ser a vida dos nossos queridos personagens depois daquele final.
O livro em si, não deixa a desejar em nenhum momento. Com a escrita bem leve e criativa de Lola Salgado, podemos ver vários lados de uma só história e ver assuntos sérios serem tratados com suavidade, de um modo que não deixa o leitor desconfortável ou insatisfeito.
Mesmo que no começo do livro eu não tivesse me conectado com a personagem de Sol, ao longo da trama criei um certo carinho por ela, entendendo todas suas motivações e escolhas. O que me faz lembrar de uma amiga minha, qual eu não suportava, antes de a conhecer de verdade.
Novamente, nos mostra como seres humanos são relativos e inconstantes, e sinceramente, gosto de ver personagens reais que erram e tem defeitos. A história fica muito mais gostosa de se ler.
Lola Salgado, realmente, fez um trabalho incrível com Sol em Júpiter.
“— Se existe a mais remota possibilidade de a vida te surpreender, ela o fará. Inevitavelmente.”
Xoxo,
Fê.
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