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Resenha: Boa noite, um livro essencial para mulheres nos dias de hoje.

  • Foto do escritor: Fernanda Cidade Gonçalves
    Fernanda Cidade Gonçalves
  • 11 de ago. de 2020
  • 4 min de leitura

CONTÉM SPOILERS!

CONTÉM GATILHOS sobre abuso e drogas.

Hoje vamos falar sobre um dos livros que mais demorei para digerir esse ano, Boa Noite da Pam Gonçalves, mas definitivamente, vale a pena. Infelizmente o livro sai do Unlimeted dia 17 desse mês, porém ainda está disponível para compra em ebook e livro físico.



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O livro, logo no seu começo, para mim, tem uma narrativa qual não me adaptei, porém com o passar da leitura a narrativa de Pam começa a fazer total sentido para a trama da história qual ela quer contar para o mundo. 

Aqui nessa história vemos a história de Alina, uma menina que quer mudar seu jeito tímido e reservado na faculdade, ser mais extrovertida e aberta as experiencias do mundo e para isso, entrou em uma república. Alina se muda de Laguna para Florianópolis com muitos sonhos e metas de como sua vida adulta iria começar e ser. 

Porém, tudo meio que sai errado, mas dá certo, juro.

Ela acaba se envolvendo em situações de assédio, abuso e drogas e seu nome acaba em uma lista nada legal.

Alina começa seu semestre na faculdade conhecendo o pessoal da República, Manuela, Talita, Bernardo e Gustavo e, cada um deles de alguma forma ajudou a construir a Alina que vemos no final do livro. 

No começo, a relação de Alina com Manuela me incomodou, porque eu entendia o lado de Alina que querer mudar, mas não querer sair da sua zona de conforto e Manuela, e quem tira ela dessa zona, o que por lado é bom.

A relação de Alina com Talita e Bernardo é bem sutil, não se mostra muito como próximos, mas quando eles aparecem durante a trama, é sempre para ajudar Alina a perceber quem ela quer ser.

E a relação de Alina e Gustavo foi a que eu mais gostei, ela se desenvolve de uma maneira suave e lenta, exatamente como imaginei que iria ser quando comecei a ler. Eles, foram construídos exatamente para se completar do jeitinho deles.

 


Ficamos algum tempo sem falar nada. É impossível acreditar que alguém seria capaz de fazer uma lista dessas e tornar e, pior ainda, que um grupo tinha concordado.”

Eu não esperava que aconteceria do jeito que aconteceu, e foi uma surpresa muito boa. Pam Gonçalves desenvolve todo o assunto de abuso e drogas de uma forma muito leve, com embasamentos e uma narrativa realista. 

Antes de vermos as relações dos abusos em primeira mão, Pam nos mostra a página de fofocas da faculdade, onde as pessoas falam sobre todas as coisas que acontecem na história. E por meio desta, descobrimos que a faculdade não é tão mar de rosas quanto Alina pensava que iria ser antes de sair de Laguna.

Quando vemos em primeira mão como as festas nas faculdades podem acabar saindo do controle quando não há uma forma de acabar controlando-as, acaba sendo um choque no começo, tanto para o leitor quanto para a nossa principal, que narra tudo em primeira pessoa. 



Com o passar da trama, a principal se vê presa numa relação qual, só pela narrativa, o leitor já sabe que ela não se vê exatamente satisfeita, e é tudo de uma forma sutil, porque a escrita de Pam Gonçalves tem esse traço em todos os momentos do livro. 

Quando o nome de Alina vai parar em uma lista com intenções de acabar com a imagem ou reputação das mulheres da faculdade, algo se desperta nela e uma sede por mudança se aflorasse, e é onde, a história realmente começou para mim.

Pam Gonçalves construiu todo um campo para que pudéssemos entender as motivações não só de Alina como de Manuela, Talita e as outras personagens mulheres que aparecem durante o romance.

E durante todo o projeto qual Alina, Luana, Sabrina e Júlia para um aplicativo que as mulheres pudessem usar como forma de proteção contra os casos de abuso que vinham aumentando cada vez mais no campus da faculdade, um romance começa a se desenvolver entre a principal e Gustavo. 

A autora tem a habilidade de nos mostrar que, mesmo que uma mulher esteja interessada em um homem e esteja se apaixonando, isso não quer dizer que vá mudar toda a sua visão de mundo e que nem vá para-la de fazer o que ama e concluir seus objetivos. Nos mostra que, a chave para um relacionamento maduro e saudável, é encontrar alguém que nos entenda e nos faça sentirmos seguros com nós mesmos.


“— Nem sempre o que parece divertido é o mais inteligente.”

Boa Noite para mim define a jornada da heroína. Alina passar por dificuldades e problemas internos o livro inteiro, para que pudesse se descobrir quem ela realmente é. 

Percebe que independente da sua vontade de ser uma pessoa mais extrovertida, isso não significa ir na onda dos outros, algo que Manuela vive lembrando-lhe logo no início da trama. Ela aprende que realmente, o que parece divertido nem sempre é a melhor opção. E entende que, mesmo que queira estar com Gustavo, ela precisa saber o que ela quer além disso.


Não vou deixar que as outras pessoas definam quem sou.”

Alina sai daquela perspectiva de garota tímida para uma mulher realmente dona de si, aprende que o que os outros pensam, não a define de qualquer forma. 

Boa Noite é um livro sobre o empoderamento da mulher, e como ele é necessário, é um livro sobre como a sororidade pode acabar salvando alguém. Mas além disso, nos ensina a sermos empáticas e nos colocar no lugar da vítima porque só assim, se entende de verdade a gravidade de um abuso.

Além de tudo isso, por uma perspectiva diferente, Alina aprende muito a viver a vida dela, do jeito que ela acha melhor e o jeito que ela quer. E é isso que deveríamos ensinar as jovens garotas, não que elas são inimigas, mas sim que elas podem ser quem elas quiserem.



Mesmo que seja um livro com uma narrativa leve, ainda trata de assuntos pesados e que podem ser um gatilho para muitos, então não recomendo se ele pode acabar lhe fazendo mal. 

Enfim, apoiem autores nacionais e defendam os livros e sejam contra a elitização da cultura e leitura.


Xoxo,

 
 
 

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